Sergipe é pioneiro na implantação do Centro de Retaguarda para Epidemias
Inovador. Essa é expressão que define o Centro de Retaguarda para Epidemias inaugurado na última quinta-feira, 6. A unidade implantada em Aracaju pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Saúde (SES), é uma iniciativa pioneira no país para o diagnóstico e tratamento de doenças epidêmicas, como a dengue e a gripe pandêmica, causada pelo vírus Influenza A (H1N1).
“Não existe no território brasileiro iniciativa semelhante à de Sergipe no que se refere à assistência de pacientes com quadro clínico de doenças epidêmicas”, confirmou o médico Márcio Barretto, coordenador do Núcleo de Atenção Hospitalar e Urgência da SES, acrescentando que, agora, em situações de surto, o sistema público de saúde dispõe de leitos específicos para acolher esses casos.
Na unidade, passam a atuar já a partir de segunda-feira, 10, em torno de 85 profissionais, entre médicos infectologistas e clínicos gerais, enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares administrativos. “A política de implantação desse centro é da Secretaria de Estado da Saúde, mas a gestão caberá à Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), que já administra hospitais do Estado e o Samu 192 Sergipe”, esclareceu Barretto.
Médico infectologista da SES, Marco Aurélio Góes reforça que o Centro de Retaguarda para Epidemias surgiu a partir de uma preocupação do Governo do Estado em prestar a assistência adequada para conter possíveis epidemias em Sergipe. “No ano passado, criamos no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) leitos para casos de Influenza A, mas agora temos uma unidade específica”.
Com capacidade para atender 100 pacientes por dia, o Centro para Epidemias dispõe de 36 leitos adultos e de pediatria, salas de hidratação, nebulização (aerossol), observação e estabilização, destinada aos casos de emergência encaminhados à unidade. Sua estrutura conta também com equipamentos de ultrassonografia, raio-X e laboratório para exames sorológicos.
Fluxo
Para explicar o fluxo de atendimento de pacientes no recém-inaugurado centro, a secretária de Estado da Saúde, Mônica Sampaio, e técnicos da SES reuniram-se nesta sexta-feira, 7, no auditório do Huse, com secretários municipais e coordenadores de Vigilância Epidemiológica e de Atenção Básica. Na ocasião, ela esclareceu que a unidade foi implantada como medida preventiva.
“Como o próprio nome já diz, o centro é para retaguarda e não para primeiro atendimento. Sua missão é receber os casos suspeitos com fatores de risco e de alerta já identificados na atenção primária e na rede hospitalar”, explicou Mônica Sampaio, acrescentando que a unidade servirá para evitar um eventual estrangulamento das outras unidades de saúde.
“Os casos de leptospirose, por exemplo, que nos últimos dias registrou um aumento por causa das chuvas, são tratados no Hospital Universitário (HU), que é o local de referência no Estado para doenças infectocontagiosas. Se houver um estrangulamento do sistema, eles poderão ser encaminhados, de acordo com o protocolo, para o centro de retaguarda”, exemplificou a secretária.
Quanto à dengue, ela reforçou que a situação da doença em Sergipe está equilibrada. Este ano, até agora, foram notificados 194 e 19 confirmados. “O problema é que nós sabemos que a subnotificação existe e não temos o número real. Então, não podemos ser pegos de surpresa, por isso, a importância dessa unidade. Nosso compromisso é com a vida do povo sergipano”, concluiu Mônica Sampaio.
Ainda sobre o fluxo, o infectologista Marco Aurélio apresentou na reunião a hierarquização do atendimento de dengue e de Influenza no SUS em Sergipe. O protocolo estabelece que: primeiro, deve-se fazer a triagem e a organização do fluxo de pacientes nos serviços de saúde; e depois, reduzir o tempo de espera dos pacientes, definir a classificação de risco das doenças e assegurar a integralidade e qualidade do atendimento.
“No auge da epidemia de dengue registrada no estado em 2008, por exemplo, os profissionais do Huse se desgastaram muito porque atenderam a todos com quadro clínico de dengue, mas a maioria dos casos era do tipo A, que são os casos clássicos da dengue, os quais não há a necessidade de internamento e que podem ser acolhidos e acompanhados pelas unidades de atenção primária”, relatou o médico.
Durante a reunião, foi também entregue um adesivo com o protocolo de atendimento. Marco Aurélio ainda falou do fluxograma para classificação de risco da dengue e da Influenza. “O vírus da Influenza A (H1N1) está circulando no Brasil. Até abril deste ano, já tivemos 50 óbitos. Então, é preciso que as pessoas das faixas etárias indicadas não deixem de se vacinar”, recomendou.
Aproveitamento
Apesar de ser uma unidade criada para tratar de doenças epidêmicas, nos períodos do ano que não houver casos que justifiquem o uso do Centro de Retaguarda para Epidemias, ele servirá para a realização de cirurgias eletivas (não urgentes) de baixa e média complexidade. “O equipamento funcionará o ano todo, com ou sem epidemia. O local dispõe de centro cirúrgico e vamos adequa-ló para realizar, por exemplo, laqueaduras tubárias e perineoplastias”, finalizou Márcio Barretto.
Fonte: Agência Sergipe Notícias